segunda-feira, 28 de abril de 2008

Academia

Academia é um local tenso. Sim, tenso. Principalmente se você é novo e/ou está sozinho. Você chega, faz a matrícula, depois faz um exame médico, te aprovam (óbvio), e então te largam lá, a beira daqueles caras sarados e mulheres com corpos esculturais. É mais ou menos como o aniversariante à frente da mesa do bolo. Você é o centro das atenções, o alvo. Afinal, a graça é rir do palhaço lá na frente que não sabe se canta, se bate palma, se dá risada, se chora... enfim, na academia é o mesmo, você é o único magrelo no meio daqueles carboidratos ambulântes. E quando você começa a se habituar, percebe que tem um objetivo lá. Eis que surge o famoso "Professor". Ele chega, normalmente com cara de poucos amigos, e te faz pensar que você é o cara mais chato do mundo. Faz a sua ficha, e parece que só de raiva de tê-lo atrapalhado naquele momento, te manda fazer um treinamento parecido com o do Rocky Balboa. Você se prepara, respira fundo, e quando pensa que as bizarrices acabaram, você é surpreendido com talvez o pior dos ônus do bom atleta: A esteira! É nela que você vai passar os seus momentos mais chatos. Já dizia um velho sábio chinês: "Andar na esteira é fazer uma viagem sem ida." Quinze minutos pra começar, certo? Em partes. Segundo o Sistema Internacional de Medidas, Quinze minutos de esteira equivalem a uma hora no pensamento humano. É incrível, não existe aparelho mais chato do que uma esteira. Com bravura você resiste e finalmente, vai fazer a musculação. Não bastasse a vergonha de ser um grilo, ainda tem que pedir ajuda ao professor para saber qual exercício é o próximo. Você se pergunta, "Será que eu tô sendo muito chato?", mas no fim nem liga. Acaba voltando todos os dias, faz a mesma rotina, se acostuma... Afinal, vale a pena passar um pouco de vergonha pra manter a saúde, não é?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

De repente...

De repente você percebe que alguma coisa mudou. Não que sua barba tenha crescido ou uma espinha apareceu no seu rosto. De repente você percebe que já não é mais o mesmo, que o tempo lhe fez mudar e que a vida lhe transformou. Para melhor? Cabe a nós dizermos se essa transformação vem pra ajudar ou pra piorar.
Quando criança pensava ser um super-herói e duelava contra um vilão imaginário, terrível e feroz, com sua espada gigante. E eu não sentia medo. Por maior que fosse o inimigo, por mais força que este tivesse, eu não via nele um real perigo. Enfrentava-o, dava mil golpes em seu rosto e ainda desdenhava após a vitória. Pois bem, hoje meus vilões mudaram. Não é mais aquele monstro que me amedronta, mas alguns perigos bem mais reais, mas que no final, trata-se da mesma coisa. Comparação sem nexo? Não. Pense bem, reflita se tudo que lhe dá medo hoje não passa apenas de um daqueles vilões imaginários da infância.
Talvez houvesse um mundo melhor se todos pensassem assim. Minto quando digo que faço o que escrevo. Não sou perfeito. Se todos fizessem o que pensam, os psicólogos seriam as pessoas mais felizes do mundo, e isso, sem sombra de dúvida, não existe. Não há meio de viver em perfeita harmonia, mas podemos chegar quase lá. Acorde feliz, pense que lá fora existem apenas monstros imaginários. Viva sem medo. E assim, quem sabe não apareça o Dom Quixote perdido dentro de nós?

terça-feira, 25 de março de 2008

Doce ilusão

A Claudinha era uma menina muito bonita no colégio. E era tão bonita que todos os meninos eram por fissurados por ela. Na entrada, era aquele buchicho quando a claudinha chegava, desfilando aquele cabelo, que dava inveja nas modelos de embalagem de xampu ,e aquela cara de anjo, que só ficava bonita na Claudinha. Durante a aula não tinha um que não suspirasse a hora que a Claudinha levantava pra jogar no lixo os restos do apontador. E no intervalo, quando ela brincava com a melhor amiguinha, pulando e deixando os meninos de queixo caído? Era um martírio estudar com a Claudinha. E o pior de tudo era que a Claudinha fazia mal às relações entre os alunos. Um dia podia causar uma briga entre as meninas, por causa da inveja que elas tinham da claudinha, e então criavam-se discussões enormes. Ou podia gerar uma briga entre os meninos, pra ver quem chamava mais a atenção da Claudinha. E até mesmo brigavam as meninas com os meninos, afinal eles só tinham olhos para a Claudinha, e elas se sentiam inferiorizadas com isso.
Os professores já estavam preocupadíssimos com a situação. Eram alunos que não prestavam mais atenção na aula, eram meninas que apenas cochichavam um modo de tirar a Claudinha do posto mais alto, etc. Mas fazer-se-ia o que? Afinal, a menina não tinha culpa de nada. Não é pecado nascer bonito!
A vida no colégio seguiu dessa forma, um martírio diário para os alunos, um encômodo para os professores, e alheia a tudo, a Claudinha. Até que um dia tudo acabou. A Claudinha pediu transferência para um outro colégio, e de repente o marasmo tomou conta do colégio. O que era para ser uma grande felicidade, tornou-se uma grande tristeza, porque no fim quem dava a alegria de todas as manhãs era a Claudinha e o seu cabelo perfeito, o seu rebolado magnifico e a seu sorriso encantador. Ah, se ela me desse bola!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Perguntas e respostas (ou dúvidas).

Hoje eu fiz uma pergunta. Antes que você pergunte, é claro que eu faço outras perguntas, mas essa foi mais profunda. Bem, depois de hoje não a consideraria tão profunda assim, mas me deixou um tanto quanto desconfortável saber a sua resposta. Nada acontece por acaso. Tudo tem um sentido, mas quando a gente descobre esse sentido perde a graça. A gente se torna mais sábio, fica mais experiente, mas ai perde a graça. Acho que os grandes pensadores eram pessoas muito depressivas. Sabiam de tudo. Qual a razão de se viver se sabe-se tudo? A eterna busca se torna sem nexo. Percebi que nós seres humanos vivemos em busca da resposta, mas nunca queremos achá-la.
Feliz é aquele que sabe viver sem respostas mas que não deixa de perguntar. E não adianta fugir da resposta. Se você a encontrar perdida por ai, você é obrigado a ouví-la. Claro, não me pergunte(!) como fugir, porque eu não sei. Ninguém me respondeu isso ainda (e também nem quero que respondam). Você pode achar que eu sou frio, mas não é verdade. Eu estou é na verdade me poupando. Já experimentei saber a verdade uma vez, e não quero saber outra. E é claro que existe mais de uma resposta! Ou você pensou que era uma e já bastava? Não, estava exagerando, há várias, porém quando ao menos perceber, você já estará com uma boa parte, e dai para ter todas, xi, é um pulo! Também não me pergunte(!) quantas são! Eu até saberia responder, mas não vou te dar esse desprazer.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nascimento; e morte?

Nasci na era digital. Corrigindo: Nasci quase que ao mesmo tempo que a era digital. Sim, fim dos anos 80, início da década de 90, era ali que nascia a nova história da humanidade. Claro que, há muito tempo atrás os números binários já engatinhavam, mas foi nessa época que explodiu o que tem sido atualmente não só o presente mas o futuro (e que futuro!). Os Jetsons tinham a empregada que falava, calçadas rolantes, conferência digital. E o que temos hoje? Robôs que falam e aprendem a servir o homem, escadas rolantes, webcams, etc.
Sou um fã assumido disso tudo. Se eu pudesse dizer uma frase a um computador, seria: "To contigo e não abro!". Mas todo gigante tem seu ponto fraco. E as relações humanas? Ficaremos anos nos vendo pela internet, mas sem um abraço sequer? Claro que será necessário botar um limite para isso tudo. Ou será o fim do homem. Robôs tomarão vida e atacarão nossos descendentes e... (Ei, acorda, volta pra realidade)...
Então, aproveitemos a vida e deixemos os computadores e afins como apenas bens de diversão e lazer. "Rose, traga-me um copo de café"...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Confissões

É normal. Ninguém sabe como acontece, tão rápido. Vem, vai, a gente nem percebe. Aquela magia, aquele encanto pairando sobre nossas faces, aquele sorriso bobo no rosto. Faz a gente querer sempre mais. "Acabou rápido". Ela ali, junto ao teu corpo. Suas mãos fazem com que ela fale mais devagar. É um susurro no ouvido, ou um grito forte e rouco. Loucura de sensação. O coração acelera, vem aquele gesto que te consome, uma guinada repentina. As mãos e os braços se entrelaçam num corpo único, vem aquela emoção da satisfação. Beijos, abraços, toques. Caras e bocas fazendo a situação mais provocante. Um desafio a ser completado. Você se vê cada vez mais próximo do alvo. Atração. Você não vê mais nada. Cego demais para perceber qualquer outra coisa. Você deixa os sentidos por conta da situação, perde o controle dos movimentos. Corpos suados, mãos deslizandos. Você se sente desnudo, é como se a liberdade fosse logo ali. Vêm o êxtase, aquele momento perfeito. Os sinos batem, os Deuses jogam pétalas sobre o local. Nada te faz sair daquele momento, só quando ele acaba é que você percebe que já não há mais sentido viver sem aquilo. Vontade de fazê-lo novamente. Suspiros, sorriso no rosto. Você a segura em teus braços. Laços de paixão ficam envoltos em nossos corpos. Unidos como se fossem um apenas. Divino.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Papo de homem

- E ai rapaz, como anda?
- Na paz, e você?
- To indo...
- Indo?
- É, acabei de terminar um namoro. Não ficou sabendo?
- Com a Dani?
- É...
- E você tá mal por causa disso?
- Nem tanto por causa dela, mas por causa de tudo o que mudou.
- Você tá reclamando que agora pode sair à hora que quiser, pra onde quiser, fazer o que quiser, e o melhor de tudo, como quem quiser?
- Sim. Tô sentindo falta daquela segurança que o namoro me passava. Agora eu vou pra balada, acabo curtindo mais, mas quando chego em casa e não tem ninguém pra me confortar, ai bate aquela saudades...
- Pára com isso! Você tá é desacostumado! Cadê aquele garanhão que eu conheci no colegial?
- Verdade, né? To é um pouco fora de ritmo, quiném jogador em pré-temporada. Ja, já eu volto à ativa!
- É assim que se fala! Mas, você disse que tem ido à balada?
- Pois é, tem uma lá na zona sul que é demais, só mulherada de ponta!
- Sério? Precisamos marcar de ir lá então hein! Mulherada bacana mesmo?
- Opa, to te falando!
- Ah, duvido hein! Teu gosto nunca foi dos melhores...
- Te garanto! Até a Dani foi lá otro dia. Tava tão linda...